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Florianópolis, 20 de abril de 2017

No ano passado, 554 casos de sífilis congênita foram notificados em Santa Catarina, um crescimento de 13,5% em relação aos 488 novos casos registrados em 2015. Destes, foram notificados 34 óbitos e 18 abortos. Essa realidade poderia ter sido em muito minimizada, já que a criança nasce sem sífilis se houver o tratamento adequado da gestante infectada e do seu parceiro sexual. A maioria dos casos de sífilis congênita foi registrada na região da Grande Florianópolis (156), que também detém o maior número de notificações de sífilis em gestantes (286).

Em Santa Catarina, 1.380 gestantes foram diagnosticadas com sífilis em 2016, 90 casos a mais do que o ano anterior, conforme os dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde (Dive/SC). “O momento atual é de grande preocupação com a situação epidemiológica da sífilis em nosso país, em especial em Santa Catarina. Vivemos uma epidemia da doença, com o aumento expressivo e continuado no número de casos notificados em adultos, gestantes e, por conseguinte, crianças afetadas pela doença ainda em sua vida intrauterina”, alerta o médico infectologista Eduardo Campos, técnico da gerência de DST/ Aids e Hepatites Virais da Dive/SC.

As gestantes requerem maior atenção no diagnóstico e tratamento da sífilis, pois a infecção pode provocar má formação do feto e aborto. Quando nasce, o bebê com sífilis pode apresentar-se gravemente doente, e, nesse caso,  com elevado risco de morte, com manifestações clínicas que podem variar entre pneumonia ou sinais de infecção generalizada (sepse), feridas no corpo e nas mucosas nasal e oral. Outras poderão surgir apenas semanas ou meses depois do nascimento, como cegueira, problemas ósseos, surdez, hidrocefalia ou deficiência mental.

O pré-natal eficiente é fundamental e decisivo para tratar a gestante e salvar a vida desses bebês”, enfatiza Dulce Quevedo, gerente de vigilância das DST/Aids e Hepatites Virais da Dive/SC. O tratamento é realizado com a administração de  doses de penicilina benzatina durante a gestação, segundo o protocolo do Ministério da Saúde.

O número de casos de sífilis adquirida também continua crescendo de forma acelerada  em Santa Catarina. Em 2016, 8.228 pessoas foram diagnosticadas com a doença, um aumento de 40% em relação aos 5.863 casos notificados no ano anterior. A maioria dos casos (5.028) era de pessoas entre 20 e 39 anos. O maior número de notificações foi registrado pela Grande Florianópolis (2.062), seguida pela região Nordeste (1.698) e pela Foz do Rio Itajaí (910).

A sífilis é uma doença grave que, se não tratada, poderá causar várias complicações, afetando praticamente todo o organismo humano e podendo provocar até a morte, mas que pode ser evitada com o uso de preservativo em todas as relações sexuais – atitude que também protegerá o indivíduo de outras 11 infecções sexualmente transmissíveis, como HIV, o HPV e as hepatites B e C”, reforça Eduardo Campos.

Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis apresenta em sua evolução clínica fases onde há apresentação de lesões de pele ou mucosas, aumento de gânglios (“ínguas”), queda de pelos, dores articulares, inflamações oculares entre outras, geralmente no primeiro ano de doença. Se não diagnosticada e tratada, o paciente doente poderá não mais apresentar sintomas por muitos anos ou décadas, mas o seu ressurgimento indicará graves danos ao organismo, como lesões cardíacas, neurológicas ou psiquiátricas e ósseas.

Para mais informações sobre a doença, suas formas de transmissão e de prevenção, onde encontrar o teste rápido de diagnóstico, de forma rápida, gratuita e sigilosa, acesse  www.dive.sc.gov.br/sifilis.

Plano de enfrentamento

A Dive/SC deu início ao Plano de Redução da Sífilis Congênita de Santa Catarina com o objetivo de eliminar a transmissão de sífilis da mãe para o bebê em todo o estado até 2019. O documento está baseado no protocolo do Ministério da Saúde e requer o envolvimento dos três níveis de governo, por meio da atuação dos gestores e profissionais de saúde. “É fundamental o comprometimento dos gestores e dos profissionais de saúde dos níveis estadual e municipais para garantir a operacionalização do plano nos municípios”, destaca Eduardo Macário, diretor da Dive/SC.

Dentre as metas estão aumentar a cobertura da testagem para sífilis nas gestantes durante o pré-natal, bem como nos casais que estão planejando engravidar; aumentar a cobertura de tratamento adequado nas gestantes com sífilis durante o pré-natal, incluindo o tratamento dos parceiros sexuais; e aumentar a cobertura de tratamento e o seguimento adequado dos recém-nascidos com sífilis congênita.